Os brasileiros Cristian Ribera e Aline Rocha disputaram na noite da última terça (13) a prova de sprint do Para Cross Country nos Jogos Paralímpicos de Inverno de PyeongChang 2018. Na classificatória, realizada sob alta temperatura para os padrões de competições na neve – por volta de 16ºC -, o rondoniense terminou em 15º, enquanto a paranaense ficou em 22º. Como só os 12 melhores de cada categoria avançavam às semifinais, a dupla não conseguiu passar para a fase seguinte. Eles voltam a competir neste sábado, 17, na prova de média distância e no revezamento misto. 
 
Na fase classificatória do sprint masculino, Cristian entrou na pista de 1.1km focado em garantir vaga nas semifinais, reservadas apenas para os 12 mais rápidos dentre os 36 que competiam. A condição da neve, no entanto, e alguns erros durante o percurso, segundo o brasileiro, acabaram o atrasando. 
 
O atleta cruzou a linha de chegada com o 15º melhor tempo (3min17s36), pouco mais de dois segundos atrás do 12º colocado, o norte-americano Andrew Soule (3min15s27), que acabou avançando à final e levando o ouro na disputa. A prata ficou com bielorusso Dzmitry Loban e, o bronze, com o também norte-americano Daniel Cnossen. 
 
“A neve não ajudou. Tinha muito gelo porque hoje esquentou bastante e isso acabou influenciando. Cometi erros básicos, errei na posição do bastão e fiz alguns movimentos em falso, mas acredito que tive uma boa prova na medida do possível”, comentou Cristian. 
 
Durante o percurso, o rondoniense de apenas 15 anos ainda levou um escorregão que machucou e fez sangrar seu dedão esquerdo. ”Estava na curva e raspei a mão no chão para não cair, mas faz parte”, contou ele, que estreou nos Jogos no último sábado, 10, conquistando um inédito e histórico sexto lugar na disputa dos 15km. “A meta era o top 10 no sprint também, mas faz parte do jogo. Ainda temos a prova de média distância (7.5km) e o revezamento pela frente”, concluiu.  
 
No sprint feminino, a paranaense Aline Rocha, 27 anos, teve pela frente 24 adversárias na etapa classificatória. A brasileira, assim como Cristian, também sofreu com as condições do trajeto. “Na prova de longa distância, no sábado, a neve estava fofa e, hoje, muito dura e com algumas poças de água. Tive dificuldade para fazer as curvas, os retornos e eu não tenho tanto controle, acabo derrapando bastante. Mas, considerando que sprint não é a minha prova principal, até que fui bem”, analisou ela, que terminou em 22º com 4min23s13. O pódio da disputa teve a norte-americana Oksana Masters com o ouro, a alemã Andrea Eskau com a prata e a atleta neutra Marta Zainullina com o bronze. 
 
O Para Cross Country é aberto a atletas com deficiências físicas e visuais. Dependendo da limitação física, o esquiador pode usar um sit-ski (uma cadeira equipada com um par de esquis), casos de Aline e de Cristian. Atletas com deficiência visual competem com um atleta-guia que os guiam por meio de um walkie-talkie. Tanto as mulheres quanto os homens participam de provas de distâncias curtas (provas de velocidade), médias e longas, ou então no revezamento por equipe.
 
Os Jogos Paralímpicos de Inverno de 2018 terão ao todo 20 provas da modalidade, disputadas por homens e mulheres e divididas entre as categorias sitting (sentado – LW10 a 12), standing (de pé – LW2 a 9) e visually impaired (para deficientes visuais – B1 a B3). Como na disputa de cada categoria atletas de diferentes classes competem juntos, há um fator de correção no tempo feito para compensar e igualar a capacidade funcional dos esportistas.    
 
Os Jogos da Coreia do Sul são os maiores da história e reúnem 567 atletas de 48 países, mais os neutros. Além do Para Cross Country e do Para Snowboard, estão no programa nesta edição o Para Biathlon, o Para Ski alpino, o curling em cadeira de rodas e o hóquei. No total, serão disputadas medalhas em 80 eventos até o dia 18.
 
Aline Rocha – Pinhão (PR)
Data de nascimento: 20/02/1991
Peso: 38 kg
Altura: 1,53
Classe: LW11 (sitting)
Modalidade: esqui cross-country 
História: Aline sofreu um acidente de carro aos 15 anos que lhe causou uma lesão medular e a perda dos movimentos das pernas. Iniciou sua trajetória no esporte praticando atletismo, quatro anos após ter se acidentado. Há pouco mais de um ano, passou, também, a competir na neve, já que os movimentos do esqui cross-country eram parecidos com o da corrida em cadeira de rodas.  
 
Cristian Ribera – Cerejeiras (RO)
Data de nascimento: 13/11/2002
Peso: 45 kg
Altura: 1,60m
Classe: LW11 (sitting)
Modalidade: esqui cross-country 
História: Cristian nasceu com artrogripose – doença congênita das articulações das extremidades – e, em busca de tratamento, mudou-se de Rondônia para São Paulo. Aos 15 anos, já passou por 21 cirurgias para a correção das pernas e hoje, além do esqui cross-country, também faz natação, atletismo e anda de skate.