O Campeonato Brasileiro Aberto de Snowboard chega na sua 25ª edição com muita história para contar. Entre inovação e reunião de amigos, o evento foi um ponto importante para a consolidação do Snowboard no Brasil e, desde então, desperta paixão pelo surfe na neve.
Este será o sexto ano consecutivo em que a competição acontece em Corralco, no Chile. Ao longo de sua existência, outros lugares foram palco das disputas – destaque para o Valle Nevado, que também sediou a primeira edição em 1995. De lá pra cá, o evento cresceu e ganhou ares novos a cada ano.
Os primórdios do Snowboard no Brasil
O início, na década de 90, caminhou junto com a história do Snowboard. A modalidade (ou o esporte) foi reconhecida pela FIS – Federação Internacional de Ski – em 1994, em Congresso realizado no Rio de Janeiro e, já neste mesmo ano, foi incorporada na programação da CBDN – Confederação Brasileira de Desportos na Neve. Na época, a Confederação ainda tinha o título de ABS – Associação Brasileira de Ski e era presidida por seu fundador e um dos principais nomes do esporte de neve brasileiros, Domingos Giobbi.
A partir de então, a modalidade virou presença anual no evento organizado pela CBDN. Sempre reunindo diferentes idades, as provas trazem, ano após ano, famílias inteiras para competir nas montanhas da América do Sul.
Flávio Ascânio é seis vezes campeão brasileiro master nas categorias slopestyle, big air e snowboardcross e nutriu a paixão pelo snowboard desde a primeira participação no evento. Para ele, o campeonato agregou mais em sua vida do que apenas como uma carreira no esporte.
“Se não fosse o Campeonato Brasileiro que aconteceu em 1995, talvez eu nem estivesse começado a andar de Snowboard. Eu nunca tinha visto neve, daí surgiu o campeonato e foi a oportunidade que eu queria. Durante todo esse tempo em que eu participo dos Campeonatos Brasileiros, tudo me ajudou muito a evoluir: o contato do pessoal que realmente pratica, a questão do campeonato de ter que se superar, então eu tenho muito que agradecer mesmo”.
Apaixonado por aventura desde criança, Carlos Eduardo Barros de Almeida, o Dinho, é vice-presidente da CBDN e também encontrou no campeonato um motivo para repetir a programação todos os anos.
“Ando de Snowboard desde 1989, tenho o privilégio de ser um dos brasileiros pioneiros nessa empreitada. Em 1995, o Sylvio Monti, da Snowtime, organizou o primeiro campeonato brasileiro de Snowboard, com a ajuda do Sr Domingos Giobbi e, graças a ele, a gente montou a primeira equipe de snowboard. Eu fui sozinho, não conhecia ninguém, mas quando eu vi o outdoor [do campeonato], eu fechei essa viagem na hora. A edição foi em Valle Nevado e foram mais de 100 pessoas inscritas no evento, fiz amizade e tenho contato com a família do snowboard até hoje”, relata.
Diversão e talento na neve
Não apenas de criar amizades e laços vive o campeonato: revelar talentos é também uma das rotinas do evento. De lá, nomes como Isabel Clark, maior rider da América Latina, surgiram para representar o Brasil em diversas competições pelo mundo.
“Em 1995 aconteceu o primeiro [campeonato] de todos e eu fui atrás do meu irmão. Eu estava apenas começando, mas foi muito marcante. Graças ao Campeonato Brasileiro, eu comecei a ter oportunidade no esporte”, relembra Isabel.
Onze vezes campeã brasileira e pentacampeã sul-americana, a atleta olímpica será a embaixadora desta edição. Além disso, Isabel será responsável por ministrar, junto a Iván Fuenzalida, a 2ª Clínica Brasileira de Snowboard, com foco no desenvolvimento dos riders mais experientes do evento.
Ela reafirma, porém, que o Campeonato Brasileiro Aberto de Snowboard é mais que um evento para testar habilidades. “Realmente é muito legal o que eu vejo hoje em dia, que o campeonato é um grande encontro dos brasileiros que amam o esporte e que querem competir e se divertir. É uma grande confraternização, espero poder participar todos os anos”.