MEMORIAL DOMINGOS GIOBBI

 

Memorial Domingos Giobbi

Em janeiro de 2014, a CBDN indicou o Sr. Domingos Giobbi como um dos concorrentes ao troféu King Olav, da Fundação Skiforeningen, da Noruega, que premia personalidades de todo o mundo por suas contribuições para o desenvolvimento do esportes e Ski e Snowboard ao redor do planeta. Confira aqui, em inglês, detalhes sobre a história desse pioneiro.

 

 

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No mês de setembro, completa-se o aniversário de falecimento de Domingos Giobbi, um homem a frente do próprio tempo. O legado do homem não deixa mentir, os esportes de neve no Brasil jamais seriam os mesmos sem ele.

Domingos Giobbi nasceu em 1925 e, desde o princípio, foi um obstinado por esportes. Excelente alpinista e esquiador, também se destacou no atletismo e na vela. Foi um apaixonado pelas artes, especialista em Volpi e Tarsila, exímio dançarino e músico: tocava clarinete e pandeiro como poucos.

Também foi um visionário e liderou os esquiadores brasileiros da primeira delegação a um Campeonato Mundial de Ski, em Portillo, no Chile, no ano de 1966. As histórias da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e Domingos Giobbi se cruzaram desde então.

“Ele obteve, naquela ocasião, uma autorização especial para participar do certame pelo Clube Alpino Paulista (CAP), do qual também foi fundador, uma vez que não existia na época uma entidade que administrasse esses esportes no país”, relembra Stefano Arnhold, atual presidente da CBDN.

No ano seguinte, Giobbi conseguiu que o Clube Alpino Paulista (CAP) fosse aceito como Membro Temporário da Federação Internacional de Ski (FIS), condição sob a qual o Brasil garantiu participação em inúmeras provas em todo o mundo.

Em 1989, na volta da delegação nacional do Campeonato Mundial de Ski Alpino, em Vail, o embrião da Associação Brasileira de Ski (ABS) surgiu. Laura Dalcanale, do Clube Paranaense de Ski, uniu forças com Giobbi, então presidente do CAP, e Sylvio Monti, do Clube Ski Clube de São Paulo, para fundar a ABS, que teve Domingos aclamado como seu primeiro presidente.

“Um dos principais objetivos da Associação, além de fomentar e difundir o esporte, era estruturar uma equipe oficial para poder participar ativamente dos campeonatos organizados pela FIS”, relembra Laura. “Organizamos o 1º Campeonato Brasileiro de Ski, no qual os atletas brasileiros seriam qualificados para participação do time oficial da ABS”.

 
Campeonato Mundial de Portillo
 

Essa mesma entidade deu origem à CBDN anos depois, mas não antes de um longo caminho percorrido. Sob a liderança de Domingos Giobbi, que “preocupou-se em capacitar novos talentos, acompanhar atletas em clínicas e campeonatos internacionais” e “era adorado e respeitado por todos”, conta Laura Dalcanale, a ABS levou o nome do Brasil mundo afora.

“Ele sempre foi solicito e prestativo com todos que queria aprender a esquiar ou começar a competir. Quando nos encontrávamos em situações difíceis, procurando uma saída, Domingos recorria a seus conhecimentos citando Sócrates e outros grandes pensadores”, descreve Sylvio Monti, amigo e um dos principais parceiros de Domingos Giobbi nos primeiros anos da Associação.

Apenas três anos após sua criação, uma delegação brasileira com 7 atletas do Ski Alpino participou dos Jogos Olímpicos de Inverno de 1992, em Albertville (França), em 1992.

O salto veio algum tempo depois, em mais uma sacada de genialidade. “Assim que o Snowboard foi oficializado pela FIS em junho de 1994, no Congresso do Rio de Janeiro, Domingos Giobbi logo decidiu investir na modalidade, pelo potencial que identificou”, explica o atual presidente de CBDN. “Já em 1995 o Brasil participou do 1º Campeonato Mundial de Snowboard, sendo até hoje uma das poucas nações que esteve de todas as edições”.

Em 1995, a ABS também realizou a 1ª edição do Campeonato Brasileiro de Snowboard. A melhor atleta de inverno do Brasil, Isabel Clark, conheceu Domingos Giobbi nessa oportunidade e foi mais uma das pessoas que teve sua vida marcada pelo dirigente.

 

 

“Depois campeonato, a ABS chamou os brasileiros que tinham se destacado para participar de treinos em Vail, mas eu não fui chamada. Apesar de ganhar, não tinha tido um bom tempo”, relata Isabel, hoje 20 anos de carreira no esporte e três participações olímpicas. “Liguei para ‘Seu’ Domingos e insisti para poder ir também. Ao final, ele cedeu aos meus pedidos, com a condição de que eu me comprometesse ao Snowboard. Nunca esqueço essas palavras que ele me disse, me marcaram muito mesmo. Era tudo o que eu queria e caiu como uma luva”.

 

 

Em 1999, viu a ABS adotar o nome Associação Brasileira de Ski e Snowboard (ABSS), antes de se transformar na CBDN, entidade responsável pela administração de todos os esportes de neve no Brasil, filiada ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), à FIS e, posteriormente, à União Internacional de Biatlhon (IBU).

E nada disso poderia ter acontecido sem Domingos Giobbi e seu pioneirismo. “Esta paixão o tornou, acima de tudo, um líder único, capaz de motivar uma legião de adeptos. Com vigor e dom invejáveis, coordenou com garra grande parte do projeto  que a CBDN é hoje”, exalta Dalcanale.

Domingos Giobbi faleceu no dia 23 de setembro de 2013, aos 88 anos, na capital do Estado de São Paulo, e já deixa muitas saudades. “Domingos era uma pessoa muito especial, um fidalgo. Muito exigente e perfeccionista trouxe a entidade uma postura de total respeito às regras esportivas, a transparência na gestão e no uso de recursos financeiros e no relacionamento com FIS e COB. Cultivou, assim, um simpático e estreito relacionamento com estas entidades e com outras nações, semeando as bases para o atual posicionamento da CBDN”, destaca Stefano Arnhold.

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“Um homem muito inteligente, adiantado em seu tempo. Vibrava intensamente com cada nova modalidade desenvolvida pela CBDN e com cada conquista individual de nossos atletas. Até sua morte, liderou a CBDN na presidência do Conselho. Seus ensinamentos guiarão a entidade para um futuro promissor”, garante o atual presidente.

“Terei Domingos sempre em meu coração. Foi uma honra tê-lo conhecido. Sua inteligência, cultura e elegância serão impossíveis de esquecer. Um homem raro de se conhecer nos dias de hoje. E mesmo com tudo isso, mantinha a humildade e simpatia acima de tudo. Ele era assim: inesquecível, um exemplo! Deu conta da vida!”, exclama Laura Dalcanale.

“Giobbi era como uma corda que tem alma, conduz os companheiros ao topo e nunca se rompe. Conversava com as montanhas. Não há como esquecê-lo. Ele sempre continuará esquiando conosco”, conclui Sylvio Monti.

 
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